Se você já se perguntou “por que estou ganhando peso mesmo sem comer tanto assim?”, ou “por que não consigo emagrecer como antes?”, saiba que você não está sozinha.
Essas são perguntas que ouço com frequência no consultório, e elas carregam não só dúvidas, mas também frustrações, culpas e histórias.
A verdade é que o ganho de peso não tem uma causa única. E tratá-lo como se fosse apenas “falta de disciplina” é uma simplificação perigosa que ignora o corpo, a mente e toda a complexidade que envolve a nossa saúde.
Hoje, quero compartilhar com você as principais causas do ganho de peso, que vão muito além da alimentação. E, mais importante: mostrar que existem caminhos possíveis, personalizados e integrativos para transformar essa realidade.
O que dizem os dados sobre o excesso de peso
Antes de tudo, é importante saber que você não está sozinha nessa luta.
Segundo o levantamento Vigitel 2023, do Ministério da Saúde, quase 58% da população adulta brasileira tem excesso de peso, e 23% já vivem com obesidade. Esses números têm crescido ano após ano, inclusive entre crianças e adolescentes.
No mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade, e esse número pode dobrar até 2035 se nada for feito.
Por que ganhamos peso? Entenda as causas principais
O ganho de peso pode acontecer por diversos motivos. Na maioria das vezes, ele é resultado de vários fatores combinados e não de um único motivo isolado.
Aqui estão as principais causas que costumo investigar com meus pacientes:
1. Alterações hormonais
Desbalanços hormonais são uma das causas mais comuns e silenciosas do ganho de peso. Eles podem alterar o apetite, desacelerar o metabolismo, favorecer a retenção de líquidos e acumular gordura, especialmente na região abdominal.
Os hormônios mais frequentemente associados ao sobrepeso são:
- Insulina: resistência à insulina dificulta o emagrecimento e aumenta o estoque de gordura.
- Cortisol: níveis elevados (geralmente por estresse crônico) aumentam a fome e o acúmulo de gordura.
- Tireoide: hipotireoidismo reduz o metabolismo, provoca inchaço, cansaço e lentidão intestinal.
- Estrogênio, progesterona e testosterona: desequilíbrios hormonais comuns na menopausa, SOP ou andropausa também influenciam o peso.
2. Fatores emocionais
Comer pode ser uma forma de anestesiar sentimentos. Em momentos de estresse, ansiedade, tristeza ou solidão, o cérebro busca conforto e encontra na comida uma das respostas mais rápidas.
Esse comportamento é chamado de alimentação emocional ou “comer emocional”. Ela pode ocorrer mesmo sem fome real, e muitas vezes está relacionada à busca por prazer imediato.
É importante não julgar esses episódios como “fraqueza”. Na verdade, eles são um sinal de que o corpo e a mente estão tentando compensar algo. O tratamento, nesses casos, precisa acolher, entender e reprogramar esse padrão com segurança.
3. Estilo de vida “desequilibrado”
Nossa rotina atual, com excesso de telas, prazos apertados, sedentarismo e sono prejudicado, é um prato cheio para o ganho de peso. E o pior é que, cada vez mais, a vida moderna tende a deixar menos tempo para o nosso autocuidado.
- Dormir pouco ou mal desregula hormônios da fome e da saciedade (grelina e leptina).
- O sedentarismo reduz o gasto energético e contribui para a perda de massa magra.
- Trabalhar sob pressão constante eleva o cortisol, favorecendo o acúmulo de gordura abdominal.
- Pular refeições ou comer em horários irregulares bagunça o metabolismo e estimula o armazenamento de gordura.
4. Microbiota intestinal desequilibrada
Nosso intestino abriga trilhões de bactérias que influenciam digestão, imunidade, humor e até o controle de peso.
Um desequilíbrio na microbiota pode levar a inflamação, compulsão alimentar, dificuldade de absorção de nutrientes e até alterações no metabolismo da gordura.
5. Uso de medicamentos
Alguns medicamentos podem favorecer o ganho de peso, como:
- Antidepressivos
- Corticoides
- Anticoncepcionais hormonais
- Insulina e alguns antidiabéticos
- Antipsicóticos e ansiolíticos
O objetivo aqui não é culpar o medicamento, mas identificar, com apoio médico, se há alternativas ou estratégias de compensação.
6. Genética e epigenética
Sim, a genética influencia o peso. Mas não; ela não é um destino.
Pessoas com histórico familiar de obesidade podem ter mais tendência a ganhar peso, mas isso não significa que estão condenadas a isso.
Eu mesma sou um exemplo disso: tenho um histórico de obesidade familiar e preciso ser ainda mais rigorosa nos meus hábitos. Mas isso não significa que o fato de ter uma genética de ascendentes obesos vai me condenar a viver na obesidade.
Com o cuidado certo, é possível reverter expressões genéticas por meio de mudanças no estilo de vida.
7. Histórico de dietas restritivas
Se você já fez muitas dietas da moda, viveu efeito sanfona ou teve medo de comer, seu metabolismo pode ter sofrido adaptações de defesa.
Dietas muito restritivas ensinam o corpo a economizar energia e, no longo prazo, dificultam ainda mais a perda de peso.
Por que o tratamento também precisa ser multifatorial?
Se o ganho de peso tem várias causas diferentes, é natural que o tratamento também precise ser personalizado e multifatorial.
O que eu costumo dizer: não existe fórmula pronta para emagrecer. Existe estratégia. E a melhor estratégia é aquela construída para você, com base em ciência e escuta.
Método Integral Health: a minha forma de cuidar de você
Foi com esse pensamento que desenvolvi o Método Integral Health, que reúne Nutrologia, Endocrinologia, Medicina do Estilo de Vida e uma abordagem sensível ao comportamento humano.
Esse método parte de uma convicção: saúde plena não se trata apenas do que você come, mas de como vive, sente, dorme, trabalha, se movimenta, pensa e se relaciona.
No tratamento do ganho de peso, trabalhamos com:
- Avaliação clínica completa, com exames hormonais, metabólicos e comportamentais
- Entendimento das causas emocionais que interferem na relação com a comida
- Plano alimentar viável e prazeroso, sem radicalismos
- Reeducação de hábitos baseada em neurociência do comportamento
- Prescrição de suplementação ou medicação, quando necessário
- Acompanhamento contínuo, com metas progressivas e realistas
Tratamento além da balança
Quando o tratamento vai além da balança, os resultados aparecem em todas as áreas da vida. Entre os benefícios que mais ouço dos pacientes estão:
- Menos ansiedade e culpa
- Redução de compulsão alimentar
- Mais energia, disposição e clareza mental
- Melhora no sono, no intestino e na autoestima
- Perda de peso com leveza e consistência
- Reconciliação com o próprio corpo
Conclusão: cuidar da sua saúde vai transformar a sua vida
Se você está vivendo um processo de ganho de peso e sente que precisa de ajuda, saiba que você não está só, e que há caminhos possíveis e respeitosos para o seu cuidado.
Entender as causas do seu peso é o primeiro passo para deixar de lado a culpa e começar uma jornada com ciência, autoconhecimento e acolhimento.
Você não precisa fazer isso sozinha. E não precisa ser rápido, nem perfeito.
Precisa ser de verdade.
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